Hoje, um amigo se feriu
Por culpa da franqueza
Que sai de minha boca
e não mede a dureza.
Com esse vento violento
Que agitou todo o meu jardim
Uma pétala caiu
Da flor rara
Que leva uma cara
Pra desabrochar.
Desculpe, meu amigo
Falta-me o dom da sutileza.
Quis ser sincera, transparente
E acabei vítima da franqueza.
Que direito tenho eu
De apontar os teus erros?
Mais vale ignorá-los
condená-los direto
aos meus aterros
Do que decepcionar-te assim.
Você já sofre intensamente
por ser tão exigente
sem nunca contentar-se
com sua honra iminente.
Pudesse agora
Voltar cada palavra
Não hesitaria.
Compreenderia seu mau momento,
abraçaria o seu silêncio
e seria o teu remanso.
É tão humano e tão sensível
Que por vezes te torna criança.
Se perfeita fosse, jamais o magoaria:
Te seria um bálsamo de esperança.