Tempo: a
poesia da existência; a ameaça da existência. O mistério e a resposta
universal. O prazo e o infinito. Tudo no mesmo invólucro de vento.
Tempo: o
confiável impalpável. Invisível certeiro. Quase sempre traiçoeiro. Inquestionável
tempo de ser. Do ser. Era mutante que nunca passa, mas que faz tudo passar.
Tempo:
agora; ontem. Amanhã, talvez – para você, pois o tempo é certo para ele mesmo. E
para a história, vital.
Uma nuvem de
poeira. Um sopro. Um suspiro curto, ou as vezes demorado. Um arrastar de ossos.
Um suplício. Um prêmio. Tempo: um milésimo de segundo por vez até que o relógio
pare – para você, nunca para o tempo.
Nunca pára o
tempo. Nunca finda o tempo. É ele que faz o findar. Das vidas, das eras, dos
sonhos, das ilusões, das crenças. Dos erros e dos acertos. O tempo é o vendaval
mais sublime de que se ouviu falar.
Tempo:
condição suprema à vida. E à morte. Aliado das épocas, precisa te desintegrar
para que elas sobrevivam. Porque o tudo é a prioridade. O tempo de ser só pode
existir e tornar-se infinito através do ser, finito. Morto pelo tempo; vivo
pelo tempo.
De tão
abundante em si, torna-se escasso o raro tempo. Mas só para quem não é vento. Nem
suspiro, nem nuvem. Nem firmamento.
E em troca
de nossas vidas curtas, ganhamos... tempo! Uma ilusão de tempo. Uma fração do
que tem o tempo. Um breve suspirar nessa existência. Uma única e implacável
chance de fazer história e, quem sabe, se firmar no tempo.
Pelo menos por
um tempo.