sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Deixe-me

Deixe-me aqui no meu canto
Por favor!
Eu não fui feita pra esses modelos,
Essas frescuras atuais.
Deixe-me aqui, é melhor.
Se fingir não é meu forte,
Imagine o suplício que me é ser agradável.
Se não me gostam naturalmente
Então prefiro impor-me assim,
Reclusa em minha solidão segura e honesta.
Sim, sim, tudo me serve de experiência
Mas, sinceramente?
Esse traquejo que as novas relações exigem
Não me são úteis em nada
E em nada me motivam.
É. Deixe-me aqui
Saia e feche a porta.
Eu ainda aprecio minha própria companhia
Ao ponto de não querer cativar mais ninguém -
A não ser aqueles
Que ainda não aderiram à receita pronta
De como serem cativados.
Vou me recolher, sim
Mas só porque não deixo de acreditar
Nos encantamentos
e nas pessoas e providências espontâneas
Que de tacanhas no passado
Parecem-me tão divinas hoje.

Um comentário:

  1. Menina, essa sua veia poética é fenomenal. Você tranformou a angústia em beleza lírica. Isso é obra dos grandes poetas. Adorei! Paz e bem

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