sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Afago


Deixa eu te afagar
De leve
De mansinho
Como quem doa carinho
Sem medida,
Sem espera,
Afinal,
Sem aquela pressa
Que faz da gente refém
Das coisas, de alguém.
Não.
Só me deixa te afagar.
Assim
De dentro pra fora
Sem ensaio
E sem hora
Só no embalo do ímpeto
De agradar.
Se me vê dessa forma,
Tão gentil,
Então me deixa exercitar
O dom raro de doar
O que mais ninguém
Se dá o direito
De praticar.
Isso é interesse.
Admito.
Mas é também humanidade
Um impulso
Uma vontade:
Mistura boa
Que só sente
Quem é gente.
E eu
E você
Tão apurados pela sensibilidade
Com esse talento
da tradução invisível
do dizer o indizível
temos, sim
O merecimento
De descobrir
O afago
O abrigo
A delícia e o castigo
Do gostar.





2 comentários:

  1. Quem não precisa de um afago de vez em quando???

    Afogar todas as tristezas nos afagos de quem amo...

    Lindo!

    ResponderExcluir
  2. jornALIZta é um ótimo trocadilho haha! parabéns
    e parabéns pelo texto
    achei simplesmente lindo demais!!!!!
    adorei a musicalidade dele e a organizção das palavras!

    ResponderExcluir