terça-feira, 17 de julho de 2012

Silenciei




De O entardecer de 11 de março
 

Silenciei porque havia muito a dizer. Mas tudo sem tradução. Ainda busco as palavras, investigo as emoções. A saída foi silenciar para observar melhor o que tem acontecido, o que tenho sentido, o que está se realizando. Há quem diga que silenciar é um dom. Pra mim sempre foi um suplício, mas agora silencio em paz. O que venho sentindo é tão forte que me cala completamente, que me mantém estática, as vezes perplexa. Embora chocante, é justamente esse silêncio que está me salvando agora. Minha alma anda exigente e seus gritos acumulam-se ao ponto de ocultarem-me os caminhos, as respostas mais básicas, toda a direção. Melhor permitir-me calar para, quem sabe, ouvir, traduzir, compreender. Costumo insistir tanto que até esqueci o quando a insistência me irrita. Deve ser isso. Teimar é um tipo de burrice, de adiamento. Agora que tive coragem de desligar meus sons, entendi: há momentos em que não adianta fazer nada, só esperar. E a espera mais sã e suportável acontece em meio a quietude.

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