quarta-feira, 21 de março de 2007

Manacá


Passa batido o lado pobre da rua.
Calçada quebrada,
córrego, mato, sujeira e feiúra.
Só dá pra ver o volume e a vibração da mistura
dos manacás.

Assanhados, escapam pelas grades,
despontam com suas três cores,
pintadas nas graúdas flores
de ares de interior
que tanto lembram paz.

Mesmo numa cidade acinzentada,
diante de olhos indiferentes
de pressa, barulho e solidão,
envolta no ar de poluição,
nascem e florescem os manacás.

E eu, quando chego a esse caminho,
passo devagarinho e,
em segredo,
cochicho com eles:
que bom ar esse que os traz!

Nessa época do ano,
quando na beira da estrada,
se avista de longe, na mata,
um monte deles, assim, em pura flor,
perco o prumo extasiada.

Sorriem, marotos,
charmosos e repletos,
como que mais belo não há.
Porque sabe, a planta,
que quando imagino o paraíso,
visualizo logo na entrada meu predileto:
o Manacá.

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