sexta-feira, 23 de maio de 2008

Amigos, amigos...


Amigos são pedaços nossos que Deus espalhou pelo planeta antes de aqui desembarcarmos.

São sopros de vida intensa e mutante misturados ao vento, capazes de virar oxigênio até.

São as letras de nossos livros de memórias, os números das páginas da nossa vida.

São o pigmento desse arco-íris que cruza o nosso caminho e que, no final, guardam mesmo um enorme tesouro. Enormes!

Se a arte e a cultura são invenções para a alma não sucumbir diante da razão excessiva do cérebro, os amigos são, então, os pincéis carregados de tintas de todas as cores que preenchem o quadro da nossa existência.

E quem dera que esses amigos, tão vitais, fossem conscientes do tamanho que têm diante dos meus olhos! Quem dera que sequer pudessem sentir o amor nunca declarado que lhes devoto!

Como seria enfadonha a vida sem o som dessas risadas soltas, altas, debochadas, tão sinceras, tão íntimas, tão bem-vindas mesmo quando riem de nós mesmos.

E que insuportável seria sem esses ouvidos aguçados, atentos, compreensivos, generosos, que ouvem, entendem e perdoam antes mesmo de qualquer ofensa involuntária. Ouvidos abençoados que nos têm nas mãos, mas lançam mão desse poder por pura nobreza de espírito, puro amor puro.

E que incipientes seriam os dias sem esse conjunto de manias e diferenças, de gostos e desgostos, de falhas e acertos diante dessa espantosa naturalidade humana que só acontece entre grandes amigos.

Quanta solidariedade há no ato de aceitar e trazer, pelas mãos, alguém para dentro da própria vida, acolhê-lo com carinho, mantê-lo com verdade, aceitá-lo com igualdade, dedicá-lo um amor ainda pouco compreendido.

Mas não há como falar do dom da compreensão para um grande amigo, porque só ele tem propriedade para isso. Ele sabe bem o que é, como nasce e como nunca deixar morrer. De tão grande que é, esse amigo compreende mesmo quando os motivos não se encaixam em seus princípios, porque ele preserva a alma alheia, respeita e enxerga sua imensidão.

E não há, também, como enumerar os dons dos nossos amigos. De tanta devoção e admiração que tenho por eles, a cada novo dia de convivência, descubro novos talentos pulsando nesses espíritos que não devem mesmo ser desse mundo. Eles não têm defeitos, porque é justamente esse jeito único de cada um que os torna perfeitos.

Amigos, amigos... templos divinos, refúgios sagrados que nos escondem do mundo e nos guardam no melhor dos lugares, onde nada de ruim pode acontecer. São lugares onde reinam o perdão, o respeito, a afinidade, a alegria e todos os outros ingredientes desse alimento indispensável para a nossa permanência aqui na Terra.

Amigos queridos, muros desse reino onde eu fico tão à vontade, onde posso ser realmente eu e meus defeitos: por sua causa acredito na eternidade.

Um comentário:

  1. É por isso que eu me orgulho de ter amigos e amigas como você: Companheiros, sensíveis e talentosos...

    Um abraço

    Eduardo

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