quinta-feira, 22 de março de 2007

Sem rosto


Sonhei com alguém sem rosto. E ainda acordada, sonhei com alguém sem voz.

Apenas sonhei, de olhos abertos e com a alma entregue, com alguém sem cheiro.

Não busquei esse encontro. Apenas me deixei levar por uma correnteza... por uma emoção causada por alguém ainda sem pele.

E quando não podia mais evitar, o sonho continuava, e eu já presa, delirava intensamente com alguém sem calor.

Mas a emoção foi real, porque depois de horas, me pegava sonhando com alguém que não conhecia realmente.

Eram letras apenas. Letras de forma que pulavam em minha tela colorida. Letras que não me davam sinal algum de forma ou formosura, mas que me deixavam ver uma ponta de forte personalidade.

Depois, sozinha, deitada , mas bem acordada, sonhei com momentos simplesmente agradáveis, que me fizeram sentir paz e sossego. Que me deixaram ser apenas eu. Mesmo que somente através das letras de forma, me permitiram sonhar com alguém que eu não sei quem é.

Criei momentos e situações. Imaginei risos e felicidade - oportunidade única para um coração que, até então, encontrava-se vazio.

Ainda sem rosto, festejo intimimamente o motivo de tudo isso. E sem conseguir entender como algumas letras salpicadas em minha tela, que agora é tão mais viva e colorida, fazem-me sentir os dias mais quentes por essa presença, que, sem face, faz-se sólida pouco a pouco em meu coração.

Um comentário:

  1. Esta escritora que ainda nao foi descoberta no Brasil tem vindo a mexer comigo ela diz coisas certas, coisas de vida e eternidade. Aliz de Castro me faz querer ir cunhecer Brasil, ela me faz sonhar com uma pessoa sem pele e sem rosto. Muito obrigado pelA Poesia. Muito obrigado por tudo

    Acenario Manuel

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