quarta-feira, 23 de abril de 2008

Mesmo assim



Voa longe a vontade

Cuja voz já não tem mais alcance.

Com o presente vazio,

Apenas o doce passado em relance.


Soubesse antes que acabaria

Evitaria tanta coragem?

Acostumaria com o comum,

Passando longe da margem?


Não, pois se voltasse o tempo um pouco mais,

Mesmo que já imaginasse,

Fingiria novamente o “para sempre”,

Deixando que o sonho me enganasse.


E dessa nova vez,

Marca de rica oportunidade,

Amaria em doses extras.

Abusaria da intensidade.


E tudo pra não sentir assim

Os gritos fortes da vontade.

Esperança morrendo aos poucos,

Dominada pela saudade.

domingo, 23 de março de 2008

Plural ou Singular


Gostaria de entender como as notas musicais conseguem penetrar assim, e quando é, exatamente, o momento em que nos deixamos levar.


A música habita em muitos lábios e por isso é plural. Mas quando cala, diz coisas diferentes para cada um que ouve, aí ela se torna singular. Essa emoção leva aos sonhos ou às lembranças, que as vezes são plural. No entanto, a sensação que cada uma dessas coisas que a gente não sabe de onde vem e nem por quê, é singular.


A vontade humana é plural, ainda mais quando ela se torna fabricada, item de série de um pacote fechado que a gente compra sem saber pra complementar a vida. Mas o sentido de cada um desses itens que acompanham o produto que buscamos é singular, assim como os motivos que nos levam a fazer o que fazemos. E eles podem ser plural e singular ao mesmo tempo, dependendo da direção em que você está olhando agora. Se for pra fora, é plural, mas se for dentro, será sempre, sempre mesmo, singular.


O riso escangalhado é de multidão, que por si só, é plural. As vezes, é desespero, pedido de socorro afogado na falta de argumentos, e aí é singular. Mas o riso plural, que é coletivo e automático, confunde muito, embora seja bem diferente do riso singular, que não toca na sua boca pra acontecer, e acontece o tempo todo em almas mergulhadas na paz.


A paz é singular, sempre foi. E se algum dia acontecer de ela se tornar plural, então é porque deixou de existir. Este mundo aqui não sabe viver em paz, não consegue, ele sobrevive de estímulos muitas vezes sombrios, totalmente plurais. E o que não o deixa parar é exatamente a busca pela paz, por essa coisa tão e tão singular que ele não consegue entender muito bem, só querer.


E esse desejo é plural. Ele vem das massas, dos discursos, das causas nobres e tudo o mais que pinta o bonito, mas que não encontraria razão de ser se conseguisse recriar essa pintura. É o inconformismo plural. Singular seria se, ao invés de pintar, cada um mergulhasse no melhor que possui e apreciasse, simples assim, o que há de bom pra viver.


E viver, é plural ou singular?


É plural no sentido de marchar junto com essa multidão que nasce e vive com a gente ao mesmo tempo, sob os mesmos comandos de uma voz grave e rígida que não se sabe de onde soa. É plural nos desejos conjuntos, nas estampas repetidas, nos sentidos copiados, nas regras e receitas prontas para a felicidade. Mas no sentido da felicidade verdadeira, essa que brota de dentro e vive muito bem lá, e te mantém vivo numa boa dessa forma, e te faz ver de maneiras diferentes e faz sentir um gosto indescritível, então é singular. É ser feliz em aprender, em entender, em superar limites totalmente íntimos, completamente humanos, em coisas tão suas que não podem ser mais nada do que singular.


E o viver singular é atravessar uma etapa importante, decisiva, para a próxima fase desse jogo do qual a gente nunca sai vivo, mas também não morre à toa: sempre vale a pena, afinal, a causa sempre é singular.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Vazio


Papel em branco
Soltou-se do caderno
Pouco preenchido,
Aquele, esquecido,
Que o tempo não deixou
De herança
Nem esperança
Pra ninguém.


E a folha,
Que voou no vento
Tinha tudo pra ser branca
Apenas
Mas estava gasta
Pelo mesmo tempo.
O da recusa,
Da dúvida,
Do vazio,
Do medo.


E gasta de tanto espaço,
desnutrida e sofrida
por tudo que podia ter sido e não foi
passa despercebida,
agora folha velha
sem história
fraca e molhada de chuva,
sem espiral nem brochura.
Sem caderno e sem capa
Que a proteja.


O tempo que não ouve a vontade
É caderno sem letra.
E vontade antipática ao tempo
É folha nua, desalento.
A folha se perde e voa
Até desmanchar,
E o caderno, amarelado,
É do grupo dos traidores,
Que existiu e não tem como provar.


As palavras estão soltas,
Desperdiçadas, ignoradas,
Sem lugar.
Elas simplesmente existiram
Sem provas suficientes
Que as faça rebrotar
Como a emoção
Daquelas páginas ilegíveis, manchadas,
Mas cheias de registro
De sentido
Do contar.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Duas


Descobri que não sou apenas uma.

Sou duas!

E essa outra parte que me fortalece, me faz também melhor.

Eu descobri que dentro de mim há muito mais do que eu e as outras pessoas julgam conhecer.

Tudo isso porque sou duas!

Talvez eu ainda não saiba usar todo o amor que existe em mim, mas essa é uma questão de aprendizado, porque eu sei que tenho capacidade para amar em dobro.

E se eu aprender isso e outras coisas, será sempre muito pouco, porque sou duas.

Essa outra parte, complemento, faz de mim maior, e graças a ela possuo talentos em dobro.

Por causa disso eu sempre tenho a quem recorrer, acreditar e abraçar. É uma chance a mais, confiança em dobro. Fé!

Deve ser por causa dessa minha outra parte que eu sinto poder ser ainda mais bonita, mais importante, ainda maior.

Às vezes corro o risco até de me confundir, pensar que tudo isso é uma coisa só. Mas não... juntas até podemos ser uma, mas separadas estaremos incompletas.

Depois que eu descobri ser duas, fiquei ainda mais confiante, e aprendi o valor da esperança.

Muitas vezes surgem sinais claros de como somos diferentes, mas eu sei que isso é apenas um luxo, um privilégio.

Mas juntas somos perfeitas!

E mesmo que existisse a possibilidade de me tornar uma, apenas eu e só, não iria querer.

Ser duas é especial.

Só que eu tenho minhas preferências e opiniões.

Sendo duas poderia até me aproveitar da situação e atribuir a mim certas qualidade. Mas não posso...

A minha outra parte é tão mais encantadora... terna e doce, forte e valente, ela me traz o que eu preciso, e nunca se atrasa. Ela está sempre no lugar certo. Sempre aqui.

E sem ela, eu não sei... talvez eu não fosse sequer uma hoje.

Essa outra parte representa a minha sorte e bênção, e eu não a trocaria nem me separaria dela por nada.

O bom é que eu sou duas sempre nas coisas positivas, e é por culpa dela, a minha outra parte.

É importante ressaltar que nós não somos como dois pedaços. Nós somos duas: uma mais a outra. Somos a soma!

Essa soma nos faz gigantes. Eu mais porque a tenho, sinal de luz!

O mais bonito disso tudo é saber que eu não fui sempre assim, duas. Eu a ganhei.

Ela veio antes, e cheia de virtudes teve a paciência de me aguardar. E assim que eu cheguei, ela me recebeu carinhosa e me completou, como faz até hoje, um dia de cada vez.

E em cada situação ela se revela ainda mais sábia.

Sou duas e me orgulho disso, principalmente sendo a minha outra parte quem é...

Ela tem nome, forma e formosura, mas eu me acostumei a chamá-la de MÃE!



Sabe mãezinha, nem todo mundo tem a sorte de encontrar em alguém tão próximo e leal a sua outra parte. Eu tive, e disso vem a certeza de como Deus gosta de mim.

Te amo

Aliz

Palavras soltas


Seja qual for o risco, se a emoção é forte e genuína, tudo vale a pena, mesmo que represente o fim.

Mas acredite, nunca é o fim, mas o recomeço de algo novo que não sabemos ser novo. E que nunca saberemos se é, realmente, recomeço ou fim, afinal.

Só se aprende quando se sente na pele. Por isso a sensação é tão importante. Ela é a lição, e é a partir dela que começa o crescimento.

E o crescimento não termina jamais, a não ser para as almas medíocres, que se recusam a encarar a vida e a viver. Elas, coitadas, sequer chegam a nascer.

Esse barulho, esse movimento, essas indagações nunca serão o bastante. Não há lição suficiente, porque não há fim, e não há verdade nem mentira. A vida, a morte... é tudo recomeço.

E isso é tudo.

Ou é nada.

Depende do valor e da utilidade que você dá ao que aprendeu.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

“Texto Sentido” – o livro



Tive uma linda surpresa há alguns dias. Descobri (ou fui descoberta?) um livro de poesias com o mesmo nome do meu blog: Texto Sentido.


O autor, Lau Siqueira, entrou em contato comigo por e-mail contando sobre a coincidência. Dias depois, recebi em minha casa um exemplar da obra, repleta de criatividade, emoção, enfim... poesia!


A dedicatória? Ah... não poderia ser mais significativa:

“Aliz, querida, são nossas todas as palavras em Texto Sentido. Beijos! Lau”.


Os versos de Estirpe, Teia, Rio, Pluma, Poema, Simulacro, Poemail, Contralto e muito, muito mais mesmo, vieram da Capital da Paraíba. A inspiração, não sei, deve ter vindo do céu!


“Sou inconstante
E uma parte de mim
- confesso- anda distante

Como pássaro noturno
Em sobrevôo perco meu sonho
No sumidouro da estrada(...)”
(Estirpe – Lau Siqueira)


E as papoulas... ah, as papoulas...


“tudo em mim trafega
Os trilhos do infinito
Por isso o olhar
Abstrato
Sustentáculo deste
Corpo que anda sem
Mais que os passos
E voa sem mais
Que os braços”
(Papoulas – Lau Siqueira)


É incrível como a poesia consegue, a partir de elementos tão reais, ser tão abstrata, e nessa confusão toda, dizer tanto bem além das palavras.


Só posso dar o gostinho do livro aqui. Quem quiser mais, é só entrar no Blog do Lau – Poesia Sim – e ler mais, bem como comprar o livro. O endereço do blog é:

http://poesia-sim-poesia.blogspot.com/.


Adorei!
Parabéns Lau! Muito obrigada, e sucesso!!!


Sinto

(Aliz de Castro Lambiazzi)

Confundem-me todas essas sensações.
No fundo acho que é apenas uma...
Sensação!
Pensei que se amasse mais
Poderia me perder.
Pensava que se amasse tanto
Não pudesse ter.
Perco-me presa
Ou livre demais
Procuro por algo que já tenho
Por sentimentos tais.
Imaginava que dentro do existente
Muito era possível acontecer
Mas que a fantasia da mente
Ninguém mais poderia conhecer.
Sabia que poderia ser
Como um elo de mistério
E que, imersa em coisas sem sentido
Acumularia meu tesouro secreto.
Mas descobri que existem almas iguais
Que como eu, escondem-se em lugares assim
E até com muito mais
Do que coleciono pra mim.
Só assim entendi
Que talvez esse elo não seja só meu
Porque existe alguém
Que guarda segredos como eu.
E soltos, refugiados em algum lugar
Pessoas que queiram igual, de repente,
Possam se encontrar.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

São eles


São eles, os sonhos, que me deixam assim.
São eles, soltos, que maltratam minha alma.
Eles não têm o mínimo escrúpulo para pedir.
Cobram friamente, com muita insistência e sem calma.


Não importa a condição em que vivo.
Os sonhos desconhecem o real e o imaginário.
Mal lhes interessa se é possível.
Quando inflamados, desafiam meu calendário.


Apenas querem e exigem.
E enquanto eu não consigo, se revoltam contra mim.
Deixam meu espírito em frangalhos.
Meus sonhos não têm fim.


E quando se realizam é a glória!
Coisa incrível, não há descrição.
Mas logo começa tudo outra vez, os sonhos não param.
Porque a vida de todo sonhador depende dessa continuação.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Uma lição de Geografia


(Essa crônica eu escrevi a pedido de uma futura professora, para a sua pasta de estágio).



Por incrível que pareça, muitos deles ainda chegam à escola de bicicletas, carroças, cavalos, a pé. Sim, há ônibus da prefeitura, mas apenas para aqueles que moram em locais bem mais afastados. Quilômetros e mais quilômetros escondidos entre árvores, morros e ruas de terra que complementam a paisagem daquela cidadezinha do interior paulista.

Eu havia chegado há pouco. Sabia que seria uma experiência diferente, mas não imaginava que os efeitos disso tudo pudessem acontecer tão rápido, logo no primeiro dia de aula. Moradora de cidade grande desde que nasci, lecionando em escolas de periferia com muitos desafios complicados, não podia imaginar que dar aulas em uma pequena cidade do interior pudesse me fazer sentir isso. Parecia que eu estava em outro planeta.

A minha turminha de 2º ano começava a chegar e, aos poucos, eu ia me habituando com aqueles rostinhos de uma inocência diferente das que eu estava acostumada a ver nas periferias do ABC. Crianças são crianças em todo lugar, mas não sei se era o local, se era o clima, mas essas traziam algo mais no rosto. Apesar de a próxima aula ser de geografia, eu senti que tinha muita história para aprender e descobrir ali.

Olhos curiosos te seguem em todo canto quando você é nova no lugar. Imagine quando esse lugar é pequeno – com certeza há muita língua afiada por toda parte. Mas não faz mal. Agora a minha rotina é diferente. Eu escuto um galo cantar quando acordo. Ao sair, dia bem claro e luminoso, ar fresquinho da manhã. As pessoas te cumprimentam, riem à toa, elas falam com você sem precisar de assunto. E quando você é a nova professora do filho delas, aí é assunto que não acaba mais. As crianças vão chegando. São costumes e hábitos realmente diferentes. Senti um frio na barriga... será preciso mudar meu jeito de ensinar? Não tinha pensado nisso ainda, mas também não tinha imaginado que a algumas centenas de quilômetros dentro de um mesmo Estado havia tantas e diferentes particularidades. Talvez não tenha que mudar meu jeito de ensinar, mas sim minha visão urbana da vida e da realidade de cada um.

Na sala de aula eu tentava explicar as diferenças de um lugar para outro. Zona rural, zona urbana. As dúvidas surgiam meio confusas. Bem, decidi, então, destacar os aspectos principais de cada caso, dessa forma, trabalharia diversos pontos em uma mesma lição. Relevo, bacias hidrográficas, vegetação, esses seriam meus pontos de partida. Trouxe cartazes, revistas, livros que tinham as melhores imagens que iam ilustrar a minha aula, e assim, ia falando e mostrando a eles a diferença de um lago e um rio, do cerrado e da floresta, e assim por diante. E eles riam, naturalmente, a cada imagem que viam, como se aquilo fosse a coisa mais rotineira do mundo para eles. Só podiam estar tirando uma com a minha cara! Foi quando eu mostrei a imagem de uma pequena cachoeira e um dos meninos gritou:

_ Olha, igual a que tem na sua casa, Jair!.

O Jair levantou, concordando com o coleguinha, e apontou para outro cartaz:

_ E lá perto tem pedras como essas aqui também.

E de um minuto para o outro eu estava diante de um diálogo intenso entre crianças de 7, 8, 9 anos mostrando, através de minhas figuras, o que elas tinham em seus quintais. Foi então que uma aluna, menina bem miudinha, me disse, apontando o dedo para fora:

_ E esse campo aqui é que nem esse ali de fora, né professora?

Quando eu olhei janela afora, foi como se a luz apagada dentro de mim tivesse acendido, bem forte... PÁ! Eu estava ensinando geografia àquelas crianças de uma forma tão distante, tão improvável, no automático, como fazia para as crianças da periferia. Que erro! A grande diferença é que lá na periferia era mesmo algo muito distante, pois elas viviam cercadas naquela selva de concreto, em meio a tanto barulho, sob um céu cinzento, e era tão impessoal o contato que mantinham com tudo à sua volta que só me restava ensinar por meio de fotos e cartazes. Mas ali, na cidade do interior não, era tudo muito ao alcance das mãos. De mãos como as minhas que raramente tocaram a grama, a terra, a água de uma nascente.

Fui, imediatamente, pedir autorização à diretora para dar minha aula lá fora, pois lá eu tinha tudo que precisava ao alcance das mãos. Saímos de trás dos muros da escola e desbravamos as redondezas, vimos de tudo. Tomei água de bica, conheci tipos diferentes de árvores e vegetações, vi rios, lagos atrás dos portões vizinhos. E enquanto eu ensinava nomes e dados técnicos de cada coisa ali aos meus alunos, ria ao me conscientizar que eles mal podiam imaginar que a maior lição quem teve fui eu.

Para eles, a natureza é uma companheira de tempo integral. Para mim era, até então, imagem de livro. Eles descobriram o que tinham no caminho, em casa, no vizinho, aprenderam o nome correto de cada vegetação, e eu aprendi a olhar para fora da minha janela tão limitada e a desfrutar cada canto em um lugar onde os caipiras, sem saber, têm muito a ensinar.

E foi assim que, baseada na realidade e na beleza escondida em tudo, que as minhas aulas passaram a ensinar verdadeiramente. Mais do que dizer, eu aprendi a ver e a mostrar, a envolver e me envolver de corpo e alma naquilo que faço. E então, a janela se abriu de vez.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Passou


Passava os dias distante.
Passava nas ruas distraída.
Passava e não olhava.
Ora, ela não sentia,
ela não tinha motivo para olhar.
Passava, simplesmente,
imersa nos seus sonhos,
perdida nos seus desejos.


Por fora parecia que tinha tudo.
Quem via reparava,
mas ela não,
nem notava.
Era tão comum, tão igual,
não se sentia observada.
Por isso passava, quieta,
sempre pelo mesmo caminho,
em direção ao mesmo lugar.


Um dia se sentiu diferente.
Sonha tanto.
Quem a via caminhando tão tranqüila
não conhecia o tamanho
dos sonhos que nutria,
do romantismo que escondia.
Um dia, num beijo
dado na mesma calçada em que passava
a despertou.
Sentiu-se distante do mundo.
Sentiu-se anormal.
Tanto sonhava,
tanto imaginava,
e veja só, caminhando sozinha
há tanto tempo que nem lembrava.


Agora, atenta a todos os lados,
procura apressada,
espera inquieta,
por alguém que nem sabe quem é.
Apenas anda e observa,
e vê em cada rosto
a possibilidade do encontro
que sempre sonhou pelo caminho:
o sorriso que tanto procura
nos lugares por onde passa,
nos capítulos que esperam,
nas lágrimas solitárias,
no romantismo em vão escondido.
Quase implora pela chegada
desse corpo e dessa alma
que finalmente surja
disposta a ser seu abrigo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Domingo de feijoada

Costumo dizer que a sexta-feira é o melhor dia da semana. E assim que termina o expediente tenho o melhor dia da semana no melhor horário. A noite de sexta parece mais longa, infinita e sem limites. Sim, é o anúncio do sábado com aquela deliciosa sensação de liberdade.


Em famílias numerosas e barulhentas como a minha é impossível planejar o fim de semana. Primeiro é preciso saber qual a disposição do pessoal, porque se há uma coisa imperdoável, é passar o final de semana longe um do outro. Mesmo que seja um dia livre, de sossego e guiado apenas pela vontade, há sempre um compromisso inadiável: estarmos todos juntos. Nós somos completamente contrários a regras, menos essa, que é sagrada.


Assim que amanhece o sábado o barulho já começa. Como se estivessem mortos de saudade, cada membro, grandes e pequenos, já vai chegando à sede da família: a casa da mamãe – que por sinal também é a minha. Na mesa do café, conversa vai conversa vem, e os planos que nunca são percebidos realmente como planos começam a acontecer. Nessa hora registramos os maiores níveis de volume na voz. Saem brigas, discussões, risos, piadas, declarações indiretas de amor eterno. Até que uma palavrinha mobiliza a turma toda: feijoada. Sim! Vamos fazer feijoada neste domingo!!!


Na verdade, a grande preocupação do sábado lá em casa é com o domingo: o que vai ter para o almoço na grande mesa lá de fora??? O importante é que todos estejam em casa, pois a falta de um já deixa a mesa meio bamba, o dia mais sem graça. Então, constatada a presença de todos, quanto vai ficar? Pensa que feijoada lá em casa é feita em uma panela de pressão? Que nada! Dia de feijoada é dia de pegar aquela panelona gigante, de escola, dar uma boa lavada e juntar a força tarefa. E então, divididas as despesas, é hora de ir ao supermercado.


A feijoada é especialidade de mamãe. Aliás, quase sempre é ela quem coloca a mão na massa literalmente. Mas dia de feijuca é expectativa, ansiedade, beiços lambidos o dia todo, já que a feitura do prato começa no sábado à noite para amanhecer pronto e descansado. Mas engana-se quem pensa que pela iguaria mais popular do Brasil amanhecer pronta o domingo nasce calmo. Ahahahaha. Quando não tem um dos filhos provando, em plena madrugada, em nome do ‘Controle de Qualidade”, essa penosa função é exercida assim que o dia amanhece – e o fiscal, geralmente, é meu irmão.


E o dia é uma bagunça! Mulher que não acaba mais dentro de uma cozinha tão pequena. Elas se juntam numa força tarefa que inclui colher a couve, preparar os torresmos e fazer o arroz, descascar as laranjas, lavar a louça, arrumar a mesa, fazer doces. Sim, claro, doce não pode faltar nessa mesa. Assumidamente gordos e escrachadamente felizes, esse pessoal nem se preocupa onde vai caber.


Nosso estômago é dividido em compartimentos. Um para a comida, outro para a bebida, outro só para os doces (e esse é bem espaçoso viu), outro para frutas, enfim, tudo muito bem distribuído. E assim, mesa posta e redes devidamente penduradas terraço afora, é hora de atacar! Tem pé de porco pra todo mundo, o refrigerante predileto de cada um, a provocação simples e a risada alta.


Em pouco tempo faz-se o silêncio. O que será que houve? Barriga cheia demais!!! Com muita preguiça, quase passando mal, um resmunga uma coisa aqui, outro responde ali, todos olham a rua, o céu, a grama, o sono. Chegou o momento de disputar uma rede e contemplar a gula satisfeita até que as sobremesas sejam trazidas. E viva o domingo, a fartura, o barulho , o sarro que um tira do outro por estar quase explodindo. E assim que os doces também são devorados, o ambiente é governado pela preguiça completa, quando cada um procura um cantinho pra tirar uma soneca ou simplesmente observar o céu recostado em algum dos pilares.


Lá em casa todo domingo é dia de festa. Festa sem música, sem bexigas e sem bebidas alcoólicas, entre onze membros de 2 a 73 anos que não sabem viver sem exagero, sem barulho, sem uma boa discussão e uma boa piada. Onze pessoas que não conseguem se ver longe uma da outra e que não precisam de motivos para comemorar a felicidade de viver onde vivem e sob a companhia de cada uma daquelas personalidades tão diferentes. Todo domingo é dia de reforçar o contentamento por estarem ali, e só. A única coisa que muda nisso tudo é o menu.

Falando em menu... o que tem de bom aí pra comer?

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Uma imagem bonita

Recebi essa imagem hoje cedo, pelo orkut, da minha amiga Débora.
Achei linda!

Teclas


Eu preciso das teclas!


Em pensamento é por elas que eu busco assim que alguma idéia brota nessa minha mente romântica e fértil.


Romântica sim, como nos contos mais melosos de antigamente, mas metida à besta como na sofisticação dos dias atuais.


O computador, desde que entrou em minha vida, passou a ser parte integrante do meu kit de sobrevivência em todas as selvas onde eu possa ir parar.


Não é que o papel e a caneta estão sendo, com isso, descartados da minha rotina, mas é com pesar que eu admito: eles não me inspiram mais como antes. Não mais do que as teclas.


Agora, quando me entrego ao mundo encantado das letras, para onde eu queria me mudar definitivamente, é para as teclas que eu corro, e recorro. Esse papel em forma de caixa iluminada (em todos os sentidos), e essa caneta em quadradinhos que dá a cada letra, ponto e sinal uma identidade peculiar, são hoje os instrumentos que definitivamente me conquistaram.


É claro que eu não pretendo abolir o papel e a tinta, nem pensar! No final, tudo volta mesmo ao bom e velho papel. E eu gosto de papel. Quanto mais coloridos, e novas texturas, melhor! E canetas também. Ainda faço coleção delas, e não resisto às extravagantes e de cor rosa.


Mas quando a inspiração aparece, não importa o gênero, são as teclas que eu busco, é nelas que desejo descarregar esses impulsos íntimos. Aquele barulhinho de tlec tlec tlec a cada letra que materializa meus pensamentos se tornaram irresistíveis.


Sei que são, às vezes, frias demais, alvos de duras críticas dos amantes do pergaminho, e dependendo do lugar ou situação, ainda, inacessíveis. Mas são delas que eu sinto uma falta terrível. Meus dedos mexem sozinhos, meus ouvidos detectam, esteja onde estiver, o barulhinho delas. E até quando, sem escolha, volto ao rejeitado papel, deliro tentando achar as teclas de atalho, ou o corretor ortográfico para auxiliar em meus rabiscos.


Não sei. Minha mãe, que era digitadora, conta que toda a minha gestação aconteceu sobre as teclas, e seus colegas de trabalho perguntavam como ia a “digitadorinha”. Talvez seja essa a melhor explicação para a minha fissura. Depois que entrei para esse mundo digital não penso mais em outra coisa.


É inquestionável, porém, o tom romântico e criativo do papel, e das tintas que carimbamos nele de diversas formas, assim como o valor sentimental do original, que é intransferível, como a primeira versão rabiscada, por exemplo. Mas eu não consigo explicar. Assim que a poesia, a crônica, a crítica, o assunto, enfim, surgem, eu já ouço o tlec tlec tlec, e sinto meus dedos se mexerem para cima e para baixo, em perfeita sintonia. Os dedos são os bailarinos, as teclas são o palco, e as idéias, sinfonia.


Escrever é o que eu gosto. O tempo todo eu escrevo, mentalmente. Todas as situações são automaticamente convertidas em textos em minha mente. Eu monto, em pensamentos, os mais variados textos. Primeiro vejo algo que facilmente me remete a esse planeta fantástico das histórias, e logo me imagino escrevendo, de forma a enxergar claramente a construção, sem parar. Então, antes que eu possa me dar conta, sou acometida de uma terrível necessidade das teclas. Elas, e suas facilidades, e seu barulhinho.


Em frente a elas, de tlec em tlec, vou vendo acontecer, registrando um pouco do que há de maior
em mim. Lá do fundo, um mundo à parte que há dentro de quem conhece o sabor que tem esse casamento de letrinhas, vai surgindo e me trazendo bem-estar, tranqüilidade. É uma sensação deliciosa que agora é, inquestionavelmente, imortalizada através do idioma moderno e viciante do tlec tlec tlec das teclinhas.

Inspiração



Eu não quero me inspirar em nada.

Eu quero ser a vítima da inspiração,

Capturada!

Não quero procurar em volta

Algo para escrever, sonhar, esquecer...

Quero ser pega de surpresa,

Ser fruto de súbito criar.

Não pretendo esperar o olho brilhar.

Anseio por sentir

Algo mais forte e fiel do que enxergar.

Espero pelo vulto de insensatez

Que consiga me arrastar,

Que me faça largar tudo por um instante

Pra me saciar.

A irresponsabilidade involuntária ainda não chegou.

Não senti a batida do desespero inexplicável

Por algo que não tenho,

Nem estou.

Sei que existem mil saídas para escapar,

E não pretendo deixar o movimento do mundo,

Só quero adquirir o instinto de saber

Quando a vontade for mais forte,

Voar!

sexta-feira, 20 de julho de 2007

20 de julho - Dia do Amigo


A vocês que habitam meu coração ininterruptamente, de perto ou de longe, e não precisam jamais pedir licença pra entrar (e que jamais deixarei sair). Que me fazem companhia, repartem comigo o que sabem, o que gostam, o que riem, o que descobrem e tudo o mais, uma pequena homenagem pelo DIA DO AMIGO.

Graças a vocês, eu nunca me sinto sozinha. E espero que tenham consciência de que, no que depender de mim, vocês também não ficarão sozinhos dia nenhum - pois não há dia que se passe sem que eu agradeça pelos amigos que tenho.

E eu sei que todos os anos, nesta mesma data, eu envio esse poema. Mas fazer o que se ele diz tudo e mais um pouco, não é? A insistência é apenas para relembrá-los do valor que têm para mim.

Um beijo especial
Obrigada por estarem aqui,
Aliz


Amigos
Vinicius de Moraes


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente, os que só desconfiam - ou talvez nunca vão saber - que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Viagem sem fim


Decidi viajar sem data prevista para voltar, sem planos previamente traçados, sem saber por onde irei passar.


Vou pegar meu barquinho de papel e deixá-lo navegar livremente. Que me leve para onde quiser, para onde a maré empurrar. Eu vou relaxar e curtir a viagem, observar cada passagem e sentir as estações.


Se meu barquinho de papel precisar de ajuda para seguir, usarei minhas canetas coloridas como remos e darei continuidade à minha viagem.


E navegando por águas calmas, experimentarei a brisa fresca desse mar límpido, onde cada letra representará uma espécie rara de peixe que enriquece o fundo de mares nunca navegados.


E assim irei, calmamente remando com canetas coloridas entre letras encantadas, com meu barquinho de papel. E não sei quando e como irei voltar, porque minha bagagem serão as lembranças das coisas que vivi, as armas serão tudo o que aprendi, e serei alimentada pelas novas descobertas que essa viagem sem rumo me trará.


Será nessas águas mansas que mergulharei para lavar o corpo e a alma, e de mais nada precisarei. Meus remos darão cor ao meu novo rumo, e quem sabe esse meu barco de papel resolva desembarcar eternamente em alguma Ilha que eu mesma criarei.

Que falta



Parece mesmo que faz tempo...
Talvez até eternidade!
Mas mesmo que por um momento
Só sei sentir saudade.


Onde estará agora
aquele riso que nunca ouvi?
E aquela face que nunca beijei?
E aquele gosto que nunca senti?


Está aqui, sem dúvida.
O tempo todo, me rodeia.
Ignora todas as explicações,
e tão intenso, que me tonteia.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Ilha Mulher


Reservada e desconhecida, essa ilha deságua em si mesma. Enfeita-se de todas as vaidades, é sua característica principal. Veste-se de mistério, jamais foi habitada. Sabe tudo de si e muito dos outros, mas jamais permite que descubram seus segredos. Talvez seja grande e vasta demais para que sua descoberta seja possível.


Muito admirada. Desejada! Mas quem a observa fica de longe. Por mais que se aproxime, a distância sempre é grande demais. Não que a Ilha se mova, fugindo de qualquer um que se aproxime. É que ela é como o horizonte: ao alcance dos olhos mas longe das mãos. Está ao alcance de todos os olhares, mas longe de qualquer entendimento.


É bela, dócil, sutil, pura e forte. Mas é exigente! Seu destino é mesmo ser desconhecida... eternamente desconhecida, pois é a única que sabe de suas vontades, seus limites e o caminho para realizar seus sonhos – tão simples, no entanto tão impossíveis . Ainda não a olharam desprovidos de receio e malícia para poder desvendá-la.


A Ilha Mulher é um mundo oculto dentro de seus encantos. Ainda não se sabe se é uma ilha com um imenso coração ou um imenso coração guardando uma ilha. O importante é que já se sabe que as águas que a envolvem e protegem são feitas da mais pura emoção.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Pessoas são Ilhas


Todas as pessoas são Ilhas,

e todas desconhecidas.

Assim como Ilhas são cercadas por água,

as pessoas são cercadas por pessoas,

e por coisas, e por animais...

E todos somos cercados de mistério!

Mesmo tendo tanto ao nosso redor,

sabemos o significado de solidão.

Mesmo dispondo de tantos recursos,

não nos basta o auxílio da multidão.

A Ilha desconhecida é sozinha,

nunca foi pisada por alguém,

mas existe e está quietinha,

esperando por ninguém.

As pessoas são assim,

fazem barulho e ocupam espaço,

mas não entendem seu próprio latim.

Em busca de algo desconhecido,

procuram entender e aprender,

porque nunca se está convencido

do modo certo de viver.

E assim, todos lançam-se à procura

de algo que possa responder,

qual a doença e qual a cura

dessa síndrome do querer.

Globo Terrestre


Quando eu estava perdida entre meus próprios pensamentos, e envolta na minha grande solidão, eu não conseguia enxergar as cores vibrantes da vida. Eu não via nenhuma porta aberta, nenhum caminho que me levasse de volta ao meu coração. Eu não sentia mais ele pulsar.

E me fazia imensa falta aquele ritmo diferente das batidas... aquele suspirar vagaroso... aquela ânsia em não saber, mas querer mesmo assim. Me fazia falta a explosão interna que ocorria, a presença de alguém, a imagem ao fechar os olhos.

E agora? Agora eu vejo que exagero o meu em achar que nunca mais... Agora eu sinto a brisa leve do sossego tocar novamente minha face, em sinal de boas vindas ao glorioso mundo das emoções e da esperança.

Agora a música toca incessantemente ao pé dos meus ouvidos, e me guia para as diversas entradas e saídas que se abrem ao meu redor. E o colorido do dia interminável de primavera me guia para as diversas possibilidades de ser feliz.

E tudo é poesia e verso. Tudo paz, contentamento...sonho. É tudo simplicidade, vida, tranquilidade. Há brilho, luz, fantasia. Há, por toda parte, esse despertar da minha alma, que faz festa todo dia pelo simples fato de conseguir identificar toda a beleza da vida.

O globo terrestre, que agora cabe bem na palma da minha mão, canta e cintila. Meu mundo agora é diferente. É maior e mais fácil de percorrer. É mais generoso e sutil. É mágico simplesmente, porque é gorvernado pela força estranha e inevitável do amor.

O Mar


Há um mistério todo especial
Navegando em mim.
Rema, rema sem parar,
Parece que não cansa...
Não sei onde quer chegar.


Mesmo sendo esse meu mar íntimo,
Lugar perigoso, imprevisível...
Navega sem parar,
Sem receio, sem medo ou indecisão.
Rema... rema sem cessar.


E as vezes calmo, tranqüilo, se entrega
Meu mar curioso,
À espera de em algum canto aportar,
Esse mistério que não cede.
Rema... rema para algum lugar.


Impaciente, provoco tempestades.
Ondas gigantes,
E vendavais repentinos.
Mas nada contém esses remos...
Que remam... não desistem de me navegar.


Talvez ele não me veja realmente.
Ou não deseje mesmo parar.
Esse mistério que tanto me desbrava...
E não descansa, e não chega,
Só queira mesmo manter agitado e vivo
O meu mar.

Beijo Sapecado


Sabe aqueles beijos sapecados que de vez em quando a gente ganha?


É... esses que a gente não espera. Vêm de repente, bem forte, na cara da gente... estalado!


Hummmmmmmmmm.... esses é que são bons! Porque podemos não estar esperando, mas sim precisando, desejando, sei lá... Beijo assim nunca é demais, já que, por serem repentinos, de surpresa, são carregados de sinceridade, de amor, de vontade ué!


E só de saber que alguém nos quer bem assim, ao ponto de nos sapecar de beijinhos...ahhhhhhhhhhh... já é um grande alento!


É nada mais, nada menos, do que um estalo por fora que consegue tomar a gente todo por dentro... esquenta! Só faz bem, tanto pra quem beija tanto pra quem recebe, porque depois a troca costuma ser automática! Depois...ah... o efeito demora a passar.


Então... é isso que eu vim fazer aqui nesse momento. Te dar um desses beijos estalados, sapecados em você todinho! Roubados??? Talvez... beijo roubado também é bommmmmmmm... Ter alguém que nos traz essa vontade, de sapecar um beijo também é tudo!!!


Agora já beijei... vou saindo de fininho. Que fique em você o gostinho desse meu imenso bem querer.

O Sono


O sono é uma contemplação,
O mais incontrolável dos instintos.
Não há como resistir.
É um mergulho inexplicável na alma,
Ritual misterioso que é dormir.

Cineasta dos mais loucos,
Produz filmes, imagens e cenários,
Montagens mistas e sem nexo.
Os sonhos revelam segredos profundos.
É o mais igualitário dos desejos.

Por vezes relaxante, por vezes tranqüilo.
As vezes pesado, as vezes sensível.
É o sono que abraça inteiramente,
Leva para o universo pessoal.
Descanso ou esconderijo:
A nossa própria nave espacial.