quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Sorri


Eu passei e vi
O homem de chinelos gastos
À beira da rodovia
Sorrindo sozinho
displicente
distraído
Então eu sorri.
Passei e vi
O moço novo
Puxando seu cachorro vira-latas
E eles pareciam tão amigos!
Então eu sorri.
Passei e vi
Na beira da estrada
O roxo gritante das quaresmeiras
Que florescem nessa época
Espontaneamente
No meio do mato
E enfeitam a vista
Quase quanto os manacás...
Quase!
Meus queridos manacás da serra
E sempre que os vejo, sorrio.
Eu passei e vi
Dias correndo tranquilos
Pessoas passando
E elas pareciam em paz.
Eu vi
Crianças brincando nos terraços
Com brinquedos de sucata
E elas se divertiam!
Então eu ri.
E passei.
Acho que ninguém me viu
E não tem problema.
Mas se me vissem
Queria lhes dar
em troca
um pouco desse riso
Que elas me deram
e da paz 
que me transmitiram
Quando eu só estava passando.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Esperança


Quando chegam as possibilidades, somem os medos, as inseguranças, as dúvidas. Tudo dá lugar à coragem: algo que, de tão essencialmente simples, nos assusta a maior parte do tempo.

Como as chances moldam nossas perspectivas! Quando elas surgem, até os pulmões funcionam melhor.

São mesmo os medos que nos cegam. E nos deprimem.

Mas como substituir os medos por coragens - muitas coragens - em meio à tempestade pesada? Em meio à solidão? Diante do incerto?

É... o incerto nos desestabiliza de uma forma cruel. Ele nunca falha. Mas isso, imagino, é fragilidade de fé. Como o medo.

Não é fácil lidar com nada disso, pois isolados ou unidos, esses sentimentos nos turvam a visão, drenam nossas forças.

Mas quando surgem as possibilidades... ah! Uma que seja, enfim... quando surgem, que lindo que é! Nos vemos tão claramente, tão sinceramente.

Há quem valorize o sofrimento como ferramenta de redenção, mas nada é tão poderoso como tudo que faz bem à nossa alma.

O medo é desastroso, enquanto a esperança é milagrosa. 

Que bendita a força da esperança!

Precisamos aprender a prolongar esse brilho nos olhos que a esperança dá; essa brisa refrigerada que ventila nossas vias respiratórias; essa visão aguçada do que realmente somos capazes.


Precisamos aprender mais com as boas sensações do que aprendemos com as ruins, para que, quem sabe, elas sejam mais recorrentes e definitivamente mais marcantes.