quarta-feira, 12 de maio de 2010

Abandono

Lágrimas de abandono
Rolaram constantes
Daquele rosto ainda novo
E que mal demonstrava sofrimento.

Gritos de abandono
Soaram como sinos de revolta
Daquela boca que sempre
Sorriu frouxo a todo lado.

Mas o mais preocupante
Foi quando se instalou,
Devagar e sôfrego,
O silêncio de abandono.

Aquele corpo, aquela alma
Nunca souberam praticar
O silêncio,
A resignação.

E agora se cala, assim?
Enquanto a lágrima molhava o rosto
E o grito emitia sinais
Havia a bendita motivação que nos mantém em pé.

Porque mesmo que em forma de lágrimas ou gritos de dor,
Impõem-se a vontade e lutar.
E esse reflexo de sobrevivência
Mantém acesa a chama da vida.

Mas agora isso... o silêncio.
Silêncio de abandono.
Tão desamparada sentiu-se
Que resolveu deixar-se a si mesma.