quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

17 de dezembro




Talvez eu tenha mesmo feito tudo o que me foi possível até hoje. Talvez eu tenha agido certo. Talvez eu seja, até então, o melhor que consegui até o momento. Talvez eu deva parar de me condenar, pelo menos nessa data, e acreditar nos passos que dei, nas oportunidades que soube aproveitar. Talvez eu deva me dar essa chance e esse presente, e por um único dia parar de me cobrar tão exaustivamente. Talvez eu deva abrir uma exceção hoje e ser menos exigente. Talvez o melhor que eu possa me ofertar nesse dia que dizem ser meu, seja simplesmente reconhecer com bondade e gratidão minhas motivações até hoje.

E talvez eu me emocione com algum ato, algum impulso, quando eu lembrar das vibrações que tomaram meu corpo no momento em que os pratiquei. E então, quem sabe, eu acaricie voluntariamente o meu ego, num gesto humilde de auto-reconhecimento, de auto-respeito. É, talvez não seja pecado nenhum devotar um pouco de amor a mim mesma, a gostar do que vejo no espelho do banheiro e no espelho da alma que reflete no meu travesseiro, todas as noites, e nos meus momentos de introspecção, e nos raros minutos de silêncio. Talvez não pese na consciência, como dizem por aí, admirar-me pelo que me tornei até aqui.

E neste dia, mais precisamente neste ano, quem sabe, eu esteja entrando em um novo ciclo, mais aberto, mais humano, mais solidário de mim comigo mesma. Nem por isso menos humilde, apenas um pouco mais amigo, companheiro, compreensivo. Porque a culpa pelos erros e por tudo que já foi perdido pesa todos os dias e hoje eu só queria olhar pra mim com um pouco mais de inocência, só pra poder admirar as minhas possíveis belezas. Talvez, se eu for mais gentil e mais paciente comigo mesma, as coisas aconteçam com mais rapidez e os meus sonhos se realizem com mais intensidade. E por falar em intensidade, hoje eu usarei a minha, junto com toda essa fúria e essa voracidade que moram aqui dentro do meu corpo, apenas para alimentar esse sentimento de perdão a que me concedo.

Entre todas essas dúvidas, nessa súplica por uma pausa, por 24 horas de redenção, ocorreu-me uma certeza: amar-se em primeiro lugar não é condenável, pelo contrário, é o começo da caminhada que nos ensina a amar sinceramente todos os outros. Eu quero me dar isso de presente a partir de hoje.

Há, mesmo, flores por todos os lados. Mas algumas pessoas são únicas na arte de nos fazer percebê-las



Certas coisas têm um gosto tão especial que elas podem acontecer poucas ou muitas vezes durante a vida; seguidamente ou apenas de tempos em tempos; a sensação é sempre a mesma: inesquecível. Ganhar flores é uma dessas coisas.

Tudo que vem da natureza sugere romance, poesia, pureza. Dizem que a maneira mais limpa de o ser humano renovar suas energias é aprendendo a entrar em contato com a natureza e tirar dela as forças necessárias para seguir. Para isso, basta aprender a admirá-la, a senti-la, a incorporá-la como uma filosofia natural de vida. Poucas pessoas sabem disso ainda, infelizmente, por isso, para repor essas energias a que todos somos tão dependentes, roubam umas das outras, de uma forma errada e muito pesada.

Cada pessoa desenvolve uma forma diferente de tirar do seu semelhante um pouco da energia que precisa pra se manter de pé e ativo. Uns usam de autoritarismo, outros de pressão, outros investem em sentimentos de inferioridade ou humilhação, outros abusam da bondade alheia, enfim, são muitas as formas, conscientes ou não. Mas o ideal mesmo, o mais correto e de valor mais legítimo, é retirar da natureza, numa troca mágica de admiração espontânea, a energia da vida.

Essa troca, quando é aprendida, vai sendo aprimorada ao longo da existência, e cada vez adquirimos uma força vital mais segura, tranqüila e sábia, como a natureza. E também, à medida que avançamos nessa interação fantástica, menos esforço fazemos e mais prazer incorporamos. De repente, dedicar amor, atenção e uma admiração torna-se um hábito natural.

Ganhar flores sugere mais do que a beleza do ato, a gentileza, a vontade de justificar um bem-querer especial. Ganhar flores, pra mim, é receber um convite muito sincero a admirar a beleza da vida, de Deus, do existir. É um chamado à consciência para ser feliz com o mais simples que há, a olhar pra dentro de si, a mergulhar mais fundo dentro da própria alma – assumir um grau a mais do próprio conhecimento. Uma simples flor, tão pura, tão singela, me soa como um chamado de atenção que diz: “não perca tanto tempo com coisas menores quando há todo um mistério a se desbravar de dentro pra fora”. Ganhar flores é um sinal para se respirar mais fundo, sem culpa, sem medo, e olhar pra vida de uma forma diferente, autêntica, livre.

As flores, ao serem dadas de presente, são automaticamente carregadas pelos sentimentos vitais da amizade, do amor, da admiração, da gratidão e tudo o que se deseja passar a quem recebe esse lindo presente. Só que não pára por aí. Mais do que carregar sentimentos tão necessários, você leva pra dentro da casa dessa pessoa uma infinidade de intenções benditas que se espalham gradualmente com o perfume, a beleza e a presença inquestionável desse pedaço de natureza que ilumina qualquer ambiente e acalenta qualquer coração.

E quando um presente desse ainda vem acompanhado com a surpresa de um mistério, e mais tarde com uma revelação tão doce, o presente se torna eterno, assim como a amizade que jamais deixará de florescer no coração de quem foi tão ternamente lembrado e tão belamente homenageado.

Como as dificuldades da vida tornam-se pequenas diante de um lembrete desse! Um recado suave, porém gritante, que só faz dizer o quanto vale a pena estar vivo e encontrar pessoas incríveis, e sentir essa coisa louca, inexplicável e fantástica chamada AMIZADE.


Mi, seu presente, que veio carregado de sua presença – ainda mais, porque eu sempre te carrego em meu coração – encheu minha casa de alegria e minha alma de ESPERANÇA! E como eu estava carente desse sentimento! A surpresa foi linda e eu nunca irei esquecer, porém, foi mais especial ainda depois que eu descobri que vinha de você, minha grande amiga!
Milhões de vezes OBRIGADA! Tanto pela gentileza, quando pela lembrança, mas principalmente pela importância que você, e as flores que brotam no seu caminho, têm na minha vida. Estamos tão longe, mas eu nunca senti assim. De tantos amigos que estão por perto, você está entre os mais presentes, os mais sinceros e os mais necessários.
Jamais irei esquecer esse perfume que você espalhou no meu dia, no meu coração, na minha história.
Te amo!
Aliz

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tudo aquilo que me condena

Ronda no ar aquele fluído diferente.

Há quanto tempo não o via!

Pensei até que nunca mais voltasse,

Que nunca mais o sentiria.


Conformei-me com as amenidades

E imaginei-me até refeita dos pecados.

Acreditei que a ausência dessas sensações

Tivesse me livrado.


Mas os descaminhos me atraem,

Já me conformei com essa verdade.

O comum não transporta para o universo

Das paixões que povoam a eternidade.


Tem um cheiro, um gosto,

Um perigo... pura magia!

É mistério, medo e pecado,

Emoções que não se vive todo dia.


Que destino terei eu

Por essa propensão ao clandestino?

Mas que culpa tenho eu

Se é o que escreveu o meu destino?


Não são leves as punições

Que tais deslizes aplicam durante a vida.

Longos períodos de solidão, ostracismo

E muitas, muitas outras feridas.


Dói no ego de mulher,

Pesa no âmago cada impossibilidade.

Tudo polui o liquido do corpo,

Escorre da alma o veneno mortal dessa afinidade.


Mas é sedutor, irresistível!

Tão voraz, intenso, impetuoso.

Me faz até mais altiva.

Inconfundível , como tudo que é perigoso.


É que esse fluído de vida

Não se compara a nenhum outro.

Cada um tem seu ponto fraco, desalinho,

E cá estou eu confirmando o meu de novo .

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Solidão


Mas solidão, que coisa!
Por que tanta gente teme você?
És tão bendita, profunda, terapêutica!
Por que tantas queixas,
Tantos assombros,
Tantas fugas de tudo que a remete?
Eu, particularmente, não conheço nada melhor
Para conhecer-me mais completamente.
Te busco:
No silêncio, no escuro, no remoto.
Quando solitária
Sou muito mais eu,
Sei muito mais de mim,
Me descubro, me assusto, me divirto.
Me cultivo.
Por que causa esse terror?
Será que essas pessoas
Têm tanto medo assim de si mesmas?
Evitá-la, querida solidão,
É evitar-se a si mesmo.
Enquanto você nos ameaçar
Terei a certeza do valor
Da companhia que sou
A mim mesma.
Dos poderes que posso nutrir
Reclusa em você.
É o esconderijo que mais nos desnuda.
Enquanto continuar congelando,
Sem querer – querendo -
Almas desavisadas de seus próprios encantos
Eu saberei que a sua ameaça,
Na verdade,
É o maior de todos os mergulhos,
O mais intenso dos desafios,
O mais honesto esclarecimento.
Porque você,
Amiga solidão,
Afasta de mim os outros
E me aproxima muito mais de mim.
E é aí,
Nessa exclusão involuntária
E fantástica,
Que eu consigo entender esse mundo
E me encaixar melhor nele.
Enxergando com clareza
As missões que elegi um dia,
Em alguma dimensão,
Eu consigo amar com mais sinceridade
- graças ao dom supremo da compreensão –
Meus companheiros de carne,
De sonhos, de sentimentos,
Sem nunca abandoná-los.
Por mais apreço que tenha por ti,
Solidão.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ele pensa que eu não sei

Lá vai ele de novo.

Pé na estrada.

Dificilmente liga o som. Assim que inicia seu trajeto, quase sempre a um rumo incerto, ele prefere mergulhar nos seus pensamentos grandiosos sem interrupções. A música lhe provoca emoções satisfeitas só mais tarde, na eterna busca noturna longe de casa.

Vai enrolando uma mechinha de cabelo acima da testa, e segue viagem: o início de mais um desafio ou a continuidade deles. Pelo menos é nisso que ele procura pensar pra ter coragem de assumir seu volante e partir, como já fez tantas e tantas vezes.
Conforme vai enrolando essa mecha de cabelo, vai alimentando seus sonhos ambiciosos, suas projeções de futuro, vai antevendo o sucesso que tanto persegue.

A estrada, o movimento dos dedos no cabelo, a solidão são suas terapias. Ele mergulha profundamente naquilo que tem de mais seu e que jamais revela a ninguém. Imagino o misto de sensações que se misturam ali, naquela alma inquieta, insatisfeita, misteriosa.

Atravessa cidades e Estados como se tivesse nascido de um caminhão, feito para as rodovias, para as distâncias. Distâncias tão pequenas perto daquelas que impôs entre ele e os demais seres humanos. Vive sozinho e assim se aceita.

Talvez não aceite e nem goste da solidão verdadeiramente, mas nunca admitirá isso a ninguém. Em sua mente, é melhor assumir a condição do que expor aquilo que pode desencadear suas maiores fraquezas.

Lá vai ele, mergulhado em si próprio numa busca para a qual ainda não existem mapas. Ele ainda vive sem norte, simulando direções.

Ignorando paisagens e personagens, vai passando pela vida, veloz, frenético, ansioso, desesperado por respostas e oportunidades. Não vê, mas entende e memoriza tudo à sua volta. Pouco lhe importa, o único lugar que tem medo de desbravar verdadeiramente é sua personalidade, suas ações e reações, as causas que acumula – os efeitos das ventanias que planta.

Não é ruim, não. É único. Tão único que sente dificuldades extremas de se encaixar nesse mundo, nesse formato fútil de conveniências. Talvez ele seja o mais puro dos sobreviventes.

Lá vai ele, fazendo poeira de pneu, deixando uma calmaria a que os seus não estão acostumados. Dali a pouco ele volta – se Deus quiser ele volta -, e traz de novo o barulho, a inconstância, a contradição, a raiva. E traz também o antídoto que só ele possui: cura da nossa saudade.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Deixe-me

Deixe-me aqui no meu canto
Por favor!
Eu não fui feita pra esses modelos,
Essas frescuras atuais.
Deixe-me aqui, é melhor.
Se fingir não é meu forte,
Imagine o suplício que me é ser agradável.
Se não me gostam naturalmente
Então prefiro impor-me assim,
Reclusa em minha solidão segura e honesta.
Sim, sim, tudo me serve de experiência
Mas, sinceramente?
Esse traquejo que as novas relações exigem
Não me são úteis em nada
E em nada me motivam.
É. Deixe-me aqui
Saia e feche a porta.
Eu ainda aprecio minha própria companhia
Ao ponto de não querer cativar mais ninguém -
A não ser aqueles
Que ainda não aderiram à receita pronta
De como serem cativados.
Vou me recolher, sim
Mas só porque não deixo de acreditar
Nos encantamentos
e nas pessoas e providências espontâneas
Que de tacanhas no passado
Parecem-me tão divinas hoje.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um ano

Há pouco tempo, apenas um ano atrás, ocorreu a maior e mais dolorida despedida. A mais intensa das dores e a mais revoltante saudade se instalaram para ficar. A separação mais repentina, a interrupção mais abrupta de uma união que deu certo em cada minuto enquanto existiu chegou ao fim num sopro, num suspiro silencioso, frio. Há até um ano a vida era perfeita e eu não sabia, e agora, dia por dia eu tenho mais provas de que certas perdas levam pedaços irrecuperáveis da alma que fica.

O que é uma data ‘símbolo’ diante de cada um desses dias de ausência? Na amargura da minha dor que não cessa, é uma amostra do quanto o tempo ignora as nossas maiores tristezas. Aqui fora – ou aqui dentro, eu não sei bem onde estamos -, a vida continua, implacável, frenética, e te obriga a agir como se não estivesse faltando pedaço algum, como se a morte fosse natural para nós tanto quanto é para ela. E nesse movimento todo, vamos fingindo uma satisfação que se mantém graças a uma boa vontade nossa que funciona dia sim, dia não.

Mas e por dentro? Engana-se quem pensa que o passar do tempo conforta ou recompõe. A verdade é que quanto mais os dias passam, mais frangalhos colecionamos, mais se perdem esses fragmentos que representam o tudo que somos. O amanhecer perde a poesia quando nos lembra do número que soma na conta da mais impotente saudade. Nós não temos defesa alguma quando a morte visita a nossa casa e leva uma das vidas que mantém a nossa acesa, pulsante. Somos obrigados a conviver com a falta pesadamente constante que nos endurece mais e mais. Nos cobram força, coragem, continuidade... mas como ter força diante de objetos, lugares, marcas, minúcias que permanecem em forma de lembranças tão vivas quanto o amor que não tem tempo nem lugar pra existir? Como evitar esse buraco gigante que se forma bem no meio do nosso caminho e que não pode ser preenchido nunca mais? Escalamos. Talvez sob esse aspecto demonstremos um tantinho de heroísmo herdado de Deus: nós suportamos o insuportável porque alguém inventou que é preciso continuar.

Há um ano, exatamente, iniciei a maior de minhas lutas, a mais íntima, a mais solitária, a mais quieta, portanto, a mais difícil de todas. Porque encarar a vida com todos os seus desafios e possibilidades é uma escolha, mas aceitar a morte de quem amamos é uma imposição fatal. Mesmo sendo causadoras de todos os problemas do mundo e do espírito, as pessoas são o que há de mais valioso nessa existência. Nada se compara ao valor delas, da força de sua presença, do poder de tudo o que representam dentro de nosso lar.

Há um ano eu busco uma forma de honrar o que me foi ensinado sobre valentia, dignidade, fé, coragem, força. Mas confesso que nesse tempo todo tenho aprendido mais sobre a incrível mágica do amor, que transcende até a dimensão que guarda nossos seres mais amados. Graças a isso eu ainda suporto colecionar meus dias vazios, que por um acaso, fazem aniversário hoje.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Encontros

Encontros inusitados
- Eu tive a prova -
Não acontecem apenas nos sonhos:
Um dia chega a hora.

Muito além das circunstâncias
Há tantos outros detalhes.
Há presença, palavras, sentidos
Descobertas insuperáveis.

Do doce encontro repentino
Ficam os perfumes da saudade.
E esse toque perfeito não esmaece,
Só ganha intensidade.

Depois de um encontro assim
É o tempo que assume as rédeas
Enquanto o coração acarinhado
Espera e tem fé na volta de tal época.

O que tornaria esse encontro
Algo tão esperado:
Serão os sonhos íntimos, sufocados,
Por tanto tempo sonhados?

Há pessoas muito aguardadas
Para protagonizar certos momentos
Vem delas o dom e o encanto
Que eternizam os sentimentos.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Um boteco pra chamar de meu



Tem dias na vida,

Que sem nenhuma explicação,

Os anjos presenteiam a gente

Com uma divina inspiração.


Foi num desses momentos de sorte

Que tive o tal insight

De juntar um povo incrível

Que se reunia num determinado site.


Apaixonei-me, foi incontrolável.

Só estava acompanhando o trabalho de um ídolo:

O jornalista Ricardo Kotscho,

Que sem querer reuniu esse povo lindo.


Papo vai, papo vem, sem moderação,

Algo nunca visto em qualquer outro blog.

Interação inédita e espontânea que era

Puro prazer, puro hobby.


Só que mais do que opinar –

E nunca foi preciso pensar igual –

Nós conversávamos on line

Numa troca sem igual.


Até mesmo o Kotscho,

Tão famoso e tão humilde,

Dividia-se em seus mil afazeres

E se juntava a todos nesse lead.


Era algo diferente.

Havia uma sintonia incrível. Inusitado!

Mesmo diante de tantas ideologias

O diferente era muito respeitado.


E a coisa era tão boa

Que começou a incomodar.

Do nada, surgiram cachorros loucos

Invadindo o Balaio só pra atacar.


O Kotscho, muito a contragosto,

Fez de tudo pra evitar,

Mas pra manter a qualidade do blog

Foi obrigado a moderar.


Não tem nada, não.

Deixa esse povo se esgoelar!

Os ataques não serviram de nada

A amizade só cresceu nesse lar.


Foi então que tive

O tal momento de iluminação!

Que tal criar um espaço

Pra juntar todo esse povo bão?


Hoje, o Balaio do Kotscho

Ganhou uma filial:

É o Boteco do Balaio,

Livre, louco, informal.


Tem piada, polêmica e sinceridade.

Não existe regra nem despeito.

Todo mundo se gosta e se entende, transparente,

Porque lá prevalece o respeito.


Mas o melhor de tudo ainda

Nem é o próprio ‘conversê’,

São os botequeiros - humanos maravilhosos -

Que eu tive a sorte de conhecer.

domingo, 14 de junho de 2009

Um chamado




Deixe-se levar

Eu clamo!

É na perda dos sentidos

Que você encontra

O caminho para a tua alma.

É teu dever

Confiar no que é

E em tudo

Que ainda será capaz.

Invencionices de gente

Que teve tempo sobrando

São esses conceitos,

Esses medos,

Essas regras.

Receitas mortais,

Acredite.

Não passam disso

Essas fórmulas mágicas

Para viver e morrer,

Que pregam

sobre o certo e o errado.

Oportunismo,

Atraso,

Conveniência.

Tudo que é genuinamente errado.

Não se deixe poluir

Por necessidades tão primárias,

Por verdades alheias.

Que verdade pode ser maior

Do que a liberdade

E a independência de sua alma?

Você sabe,

No teu íntimo,

O que é o certo.

É a ele que você deve lealdade.

Livre-se das amarras

Que te limitam os movimentos

Há tanto tempo.

Escreva sua própria cartilha

E acredite fielmente nela,

Defenda-a dos maledicentes,

Dos invejosos,

Dos incapazes.

E não a empreste a ninguém.

Você sabe

Que só avança de verdade

Aquele que não tem medo

De construir seu próprio caminho.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O namorado dos meus sonhos

O namorado dos meus sonhos não precisa ser sobrenatural, ofertando sóis e luas alusivas para me fazer sentir nas nuvens. Há muitas maneiras de me levar ao céu sem nem mesmo sair do lugar. Basta ser sensato o suficiente para usar seu senso de realidade quando eu estiver fantasiando em excesso, e sonhador um tanto para adoçar aqueles dias em que eu sofrer com realismos demais. Basta ter o corpo quente e a cabeça fria.

Ele não precisa se preocupar em ser perfeito. Para quê desperdiçar energia com ilusões sem nexo? Basta ter disposição para sonhar junto e, quando os sonhos não combinarem, tiver compreensão suficiente para entender meus sonhos mais íntimos, assim como quero respeitar os dele.

Eu não busco um príncipe encantado, muito pelo contrário, procuro um homem o mais humano possível. Gente suficiente para sorrir, chorar, desejar, aprender, sentir: reconstruir-se o tempo todo, sem pressa, com naturalidade, sem preconceitos e julgamentos desumanos. Um homem que já tenha se dado conta daquilo que mais vale a pena na vida: momentos, pessoas, sentimentos.

Não precisa representar, fingir ser o que não é, dizer ter o que não tem. Pra mim é suficiente que ele se aceite, se goste e carregue consigo aquela motivação bendita que existe nas pessoas prósperas, que não desistem de seus sonhos, que lutam por seus ideais na proporção exata: sem se deixar apagar pelo comodismo e nem se deixar dominar pela ganância.

O namorado perfeito é aquele que demonstra suas imperfeições com simplicidade, sem medo, seguro das qualidades que possui e que podem compensar os defeitos. Um homem assim conseguirá enxergar a mulher que sou, com minhas limitações, e amar-me da mesma forma, com a mesma intensidade.

Meu namorado dos sonhos saberá que duas pessoas, por mais que se amem, não se bastam, e que cada um representa um universo infinito, e entenderá isso. Atualizado e inteligente, já terá se livrado de conceitos arcaicos como posse, ciúme, pressão, obrigação. Esse homem saberá que apenas o amor mantém um casal, e que a confiança é a saúde de qualquer relacionamento.

Esse homem, namorado, amante, amigo, de sentimentos maduros e coração aberto, bem como espírito livre, saberá mergulhar seu corpo e sua alma na medida certa, sem exageros, sem dependência, sem grandes expectativas: ele desfrutará de cada dia e cada descoberta. Ele entregará e exigirá mais do que corpo, mas alma, sem que isso aprisione qualquer um dos dois.

E por fim, meu amado terá entendido que amor não tem nada a ver com dilúvios, tempestades, idas e voltas, crises periódicas e outras desculpas que casais imaturos usam para justificar uma relação doente. Amor de verdade não tem nada a ver com sacrifício e dor. Um amor pleno, como só o meu namorado poderá me dar e eu a ele, transcenderá paz aos nossos corações.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Te amo até o fim




Em códigos, como sempre, mas não posso reclamar. A luz púrpura do meu coração cintila com as mais simples palavras desse, que eu chamo amor de alma. Como contê-lo diante dessa sugestão?

Ele nunca me diz as coisas diretamente. Mas nas suas tentativas, que eu sempre finjo não compreender pra ver se ele se irrita e se expressa mais explicitamente, eu me refugio de volta no castelo dos sonhos que nunca consegui abandonar de vez.

Quando eu penso que terei de me contentar com seu silêncio sempre sugestivo, vem ele de repente, com alguma frase, alguma música, algum filme pra me recomendar.

Recomendar que eu não esqueça nunca. Lembrar-me de que os acontecimentos, mesmo sem explicação, nunca significam ausência e que as declarações estão sempre no ar e no coração, só não podem ser ditas com todas as letras.

Que um amor, as vezes, não é capaz de brecar um outro, diferente. É, ele me mostrou que existem tipos diferentes de amor... alguns explícitos, públicos; outros secretos, mudos, escondidos no fundo da alma.

Ele me ensinou um pouco de tudo. A sorrir, a sofrer, a me fortalecer diante das adversidades causadas por um coração egocêntrico e inconstante, mas repleto e intenso. Me ensinou que as despedidas acontecem, mesmo que nunca sejam formais e definitivas, mas que ausência não tem nada a ver com isso. E ele me mostrou também o quanto pode ser relativo esse conceito de ausência. Ela é imaterial, mas não deve ser levada muito a sério.

Os amores de alma são feitos para serem incompreensíveis, como esse que eu relato aqui. Amor que existirá até o fim. E o fim é tão impalpável quanto o sentimento em si. Se não há limites para o amor, existirá, então, um ponto final numa história dessas?

Agora, com o tempo me pressionando a crescer, eu entendo um pouco mais os recursos abstratos prediletos do amor. Do amor que ele tem por mim, mas que ninguém pode saber. Nem eu.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Detalhes que faltam


Faz tanto tempo que eu não vejo esse sorriso.
Será que ainda é o mesmo?
Ou será que se aprimorou mais
Na arte de irradiar a paz?

Faz tanto tempo que eu não vejo esse olhar.
De verde profundo e incerto,
Que confunde, que tonteia.
Serão os mesmos olhos, a mesma teia?

Faz tanto tempo que eu não ouço o grave da sua voz.
Terá ainda o mesmo tom, a mesma sinfonia?
Soa, ainda, como melodia nos momentos de maior tormento,
Enquanto age forte, segura e suave, por dentro?

De novo


Encompridou-se o caminho
Bem em frente a mim.
De todos os atalhos que me apareciam antes,
Tornou-se estrada sem fim.

Despertei no meio dessa estrada
Sem placas, sem nada.
Chão de pedra e areia fina,
Não tem seta, nem direção, nem mapa.

Levantei devagar
Da surpresa nessa trilha,
Sem saber se corria ou andava,
Ou se de Deus ainda era filha.

Sozinha de novo nessa andança,
E sem destino - pra variar.
Sacudi o pó, sequei a lágrima
E corri, sem pensar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O sol da tua boca


O sorriso que me abateu
E me bambeou as pernas
Se abriu como um sol
Que carregas na boca
E que mantém a minha oca.


Já não houve mais
Como evitar essas lembranças.
Foi uma apresentação sua
De dentro pra fora.
Me resgatou do ontem para o agora.


A luz branca desse sol
Que guardas no céu que é tua boca
Me raiam determinadas, duras.
Mesmo longínquas,
Deténs as minhas curas.


Pena esse sol não penetrar de fato minha pele.
Enquanto não forem meus
Esses tais raios iluminados,
Permanecerei coberta por nuvens
Em um verão frio e nublado.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano-Novo-Ano

Amigos,

a duração de um ano depende muito do que vivemos enquanto ele acontece. Há épocas em que o ano parece voar, mas há situações que nos fazem sentir como se o tempo parasse. Vivemos, nos mínimos detalhes, momentos bons e ruins durante esses 365 dias e, lá no final, fazemos um balanço bem superficial para determinar se foi bom ou ruim. Bem, cada um desses momentos nos marcam muito, mas sem eles o ciclo não se completaria e nós não poderíamos dar continuidade a um novo ciclo. Momentos bons ou ruins são sempre aprendizados e o importante é que sejamos conscientes disso. Mas o mais importante é estar receptivo para essas lições da vida, afinal, são os empurrões que precisamos para evoluir e progredir. Em 2009, eu desejo que essa vontade de aprender fique ainda mais apurada no espírito de vocês, ao passo que o medo - qualquer que seja - desapareça, dando espaço à coragem e à ousadia.

Neste momento fechamos mais um ciclo e cada um vai avaliá-lo à sua maneira. Bom ou ruim, aconteceu e nos mudou de alguma forma. Espero que todos vocês tenham mudado para melhor, pois é essa a nossa missão principal aqui. E como a vida é maravilhosa, o término de um ciclo é também o começo de outro: novas oportunidades, mais chances, recomeço, renovação... maravilhoso, não é mesmo? Então, aproveitemos essa oportunidade para sermos o que ainda não conseguimos ser, para ter o que ainda não conquistamos, para chegar aonde queríamos chegar, mas principalmente, que melhoremos tudo que ainda falta melhorar. Que haja amizade sincera em seu dia-a-dia, bondade aonde quer que vá, união na família, produtividade e satisfação no trabalho, harmonia e realização em todos os setores de nossa vida! Mas não podemos esquecer do que é básico: fé, saúde, proteção, força, e paz.

E como em time que está ganhando não se mexe, desejo estar com vocês nos dias de 2009 e nos outros que virão, assim como quero que vocês se lembrem e saibam que podem contar comigo também. Muita felicidade, sonhos realizados e crescimento a todos!!! Obrigada por fazerem parte da minha vida.

2009 beijos
Aliz