sexta-feira, 23 de março de 2007

A menina


A menina,
Quando está debruçada na janela,
Observa os detalhes e não vê feiúra.
Dedica o dom de enxergar e sentir
Porque assim se sente bela,
Com tudo que ali, à sua volta,
Tão delicado, se revela.


Fica maravilhada,
Essa menina,
Com o dourado do sol no chão,
O verde tão verde da grama,
E o ar límpido que penetra o pulmão.


Ela,
Ri e manifesta-se sozinha,
E sabe-se lá o que se passa
Na mente enfeitada da menina,
Longe de ser franzina,
Longe de ser criança...


Mas é ali
Que as histórias mais felizes
Se formam em sua mente,
E ela gosta muito de contemplar
Até mesmo os cantos mais esquecidos
Do lugar que lhe floresce pela janela.


O som
Silencioso do vento que bate no mato,
Que espanta as borboletas,
Que voam e se atrapalham, e se encontram
Com os passarinhos no telhado,
Combinam com o teclado
Pra onde ela leva essas lembranças.


A menina
Tão grande, tão cheia de sonhos,
Mesmo quando tem de fechar a janela
Pra deixar a noite cair em paz,
Adormece com a certeza de que
Todo dia, nesse lugar, há mais para contemplar.


Com chuva,
Com sol, frio, calor, tempo nublado,
Ela sabe que sempre terá,
Do lado de lá da sua janela
O lar perfeito para morar
E resgatar a menina
Que sempre escapa do tempo
E pula de dentro
para sonhar...


Um comentário:

  1. Fico maravilhado com essa sensibilidada da menina, tão pura, tão doce, meiga, simples e....rara. Penso no quanto é bom para todos nós, meninos e meninas, relembrarmos das sensações gostosas da infância e de como elas nos fizeram ver o mundo em tal época. Resgatar um pouco disso, ou talvez mais, é muito importante e saudavel.

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