Soltou-se do caderno
Pouco preenchido,
Aquele, esquecido,
Que o tempo não deixou
De herança
Nem esperança
Pra ninguém.
E a folha,
Que voou no vento
Tinha tudo pra ser branca
Apenas
Mas estava gasta
Pelo mesmo tempo.
O da recusa,
Da dúvida,
Do vazio,
Do medo.
E gasta de tanto espaço,
desnutrida e sofrida
por tudo que podia ter sido e não foi
passa despercebida,
agora folha velha
sem história
fraca e molhada de chuva,
sem espiral nem brochura.
Sem caderno e sem capa
Que a proteja.
O tempo que não ouve a vontade
É caderno sem letra.
E vontade antipática ao tempo
É folha nua, desalento.
A folha se perde e voa
Até desmanchar,
E o caderno, amarelado,
É do grupo dos traidores,
Que existiu e não tem como provar.
As palavras estão soltas,
Desperdiçadas, ignoradas,
Sem lugar.
Elas simplesmente existiram
Sem provas suficientes
Que as faça rebrotar
Como a emoção
Daquelas páginas ilegíveis, manchadas,
Mas cheias de registro
De sentido
Do contar.
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