terça-feira, 17 de maio de 2016

Tempo

Tempo: a poesia da existência; a ameaça da existência. O mistério e a resposta universal. O prazo e o infinito. Tudo no mesmo invólucro de vento.

Tempo: o confiável impalpável. Invisível certeiro. Quase sempre traiçoeiro. Inquestionável tempo de ser. Do ser. Era mutante que nunca passa, mas que faz tudo passar.

Tempo: agora; ontem. Amanhã, talvez – para você, pois o tempo é certo para ele mesmo. E para a história, vital.

Uma nuvem de poeira. Um sopro. Um suspiro curto, ou as vezes demorado. Um arrastar de ossos. Um suplício. Um prêmio. Tempo: um milésimo de segundo por vez até que o relógio pare – para você, nunca para o tempo.

Nunca pára o tempo. Nunca finda o tempo. É ele que faz o findar. Das vidas, das eras, dos sonhos, das ilusões, das crenças. Dos erros e dos acertos. O tempo é o vendaval mais sublime de que se ouviu falar.

Tempo: condição suprema à vida. E à morte. Aliado das épocas, precisa te desintegrar para que elas sobrevivam. Porque o tudo é a prioridade. O tempo de ser só pode existir e tornar-se infinito através do ser, finito. Morto pelo tempo; vivo pelo tempo.

De tão abundante em si, torna-se escasso o raro tempo. Mas só para quem não é vento. Nem suspiro, nem nuvem. Nem firmamento.

E em troca de nossas vidas curtas, ganhamos... tempo! Uma ilusão de tempo. Uma fração do que tem o tempo. Um breve suspirar nessa existência. Uma única e implacável chance de fazer história e, quem sabe, se firmar no tempo.


Pelo menos por um tempo. 

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