Alguns amores precisam ser silenciosos. Não podem ser demonstrados, cantados, recitados, declarados. E esses amores costumam ser dos mais imensos. Incuráveis. Mas é que algumas pessoas não estão preparadas para eles. São pessoas que não estão prontas para serem amadas porque, simplesmente, não sabem amar.
Como ter condições de acalentar justamente tão nobre
sentimento sem conhecê-lo?
Então é melhor silenciar-lhes o afeto exacerbado, o cuidado
que forçosamente é dedicado somente em orações. Súplicas para que estejam bem
onde quer que vão; para que, de uma vez por todas, aprendam a amar para poderem
desfrutar da dádiva que é ser amado.
Tarefa árdua essa. Amar em silêncio é triste e solitário. Mas
se o outro lado não puder enxerga-lo em sua magnitude, quanto mais correspondê-lo,
então é melhor que seja assim. Quieto. Preservado. Dói menos e permite que o
bom sentimento continue sendo nutrido em algum lugar do espaço e do tempo.
Até que se atinja a compreensão dos porquês desse silêncio, o
amor passa por estágios adversos e doloridos. Como todo amor não correspondido,
gera decepção, mágoa, rancor, amargura. Até que, finalmente, leva à resignação.
Sim, amar também cansa. E é nesta fase que se enxerga com clareza a
impossibilidade do outro para esse amor agora.
Quem sabe um dia?
Amor de abnegação. Tão gigante que aceita até a deficiência
do outro com paciência. Amor.
Talvez se transforme em sonho. Talvez numa ilusão. Ou, quem
sabe, cresça e fortaleça e se torne, enfim, um objetivo. A meta de, por tamanha
insistência, tornar-se a chave capaz de destrancar
o cadeado que bloqueia a saída para esse caminho tão melhor. Tudo é possível,
afinal... é amor.
São formas de metamorfosear o suplício que é ter um presente
único e valioso e não poder entrega-lo. É como uma composição genial que nunca
foi musicada.
Triste e assustador. Um paradoxo, já que as pessoas que não
sabem amar são as que mais demonstram necessidade de amor. Carentes, medrosas,
intimamente solitárias. Surdas. Que tipo de som rodeia alguém que obriga o amor
a silenciar-lhe?
Elas não sabem da quietude em que vivem. Pensam que esses
ruídos a que se impõem são as únicas melodias existentes. Pensar nisso leva de
volta à oração. Que aprendam a ser amados! Que aprendam a amar! Logo!
Quanto tempo perdido de uma vida! Mas não há cura, apenas o
tempo e sua mágica através da dor, da solidão. E do vazio. Até que não haja
nenhuma outra alternativa a não ser se abrir para o que ainda não se sabe. Deve
ser como começar a escola novamente: as primeiras letras, os primeiros números.
A fonética da alma.
É bom imaginar esse instante. Deve ser como nascer de novo.
Só que desta vez, nascer de verdade.
E quando isso acontecer, quantos e quantos amores sairão da
clausura do silêncio. Quantos pacotes encantados poderão ser, finalmente,
entregues. Imagine o desembalar desses presentes... a surpresa... a descoberta.
Ali, o tempo não parecerá perdido, e a espera, o silêncio, serão esquecidos. A
música da existência ecoará naqueles ouvidos virgens que, a partir de então,
estarão prontos para dar continuidade a essa sinfonia até que nenhum outro de seus instrumentos precise
ser silenciado outra vez.
Palavras-chave:
amor silencioso, amor, sentimento, poema, poesia, crônica, quietude, coração
Lindo! =)
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito legal o Texto!!
ResponderExcluirParabens pelo blog!
Achei massa o jeito que a imagem reflete bem o texto a ser lido!! e isso acontece em varios textos!